quinta-feira, 3 de julho de 2008

A DEFESA CIVIL ACERTOU EM CHEIO COM AS CHUVAS DE NATAL E NO INTERIOR

Até o início da noite de ontem, a Prefeitura Municipal de Natal contabilizava aproximadamente cem pessoas desabrigadas por causa das chuvas. O número preciso não foi informado porque uma equipe de técnicos ainda rodava os bairros da cidade registrando famílias que não tinham condições de permanecer em casa.

Segundo a secretária-adjunta da Secretaria Municipal do Trabalho e Assistência Social (Semtas), Ilzamar Pereira, o número preciso será conhecido na manhã de hoje, já que os técnicos continuavam trabalhando no cadastramento dos desabrigados. A situação era mais crítica no loteamento José Sarney, na zona Norte e no Passo da Pátria, comunidade da Cidade Alta. “No José Sarney estamos alojando as famílias em uma creche e numa escola estadual. No Passo da Pátria estamos em contato com associações para que um lugar seja arranjado”, contou a secretária-adjunta. De acordo com Ilzamar Pereira, os funcionários da Prefeitura montaram uma força-tarefa para atender aos desabrigados.

Estão participando do cadastramento assistentes sociais e educadores sociais do programa “Canteiro” e do plantão social. “Além dos motoristas e colaboradores. Agora mesmo tive que arranjar um caminhão para levar material para as famílias”. Segundo Ilzamar, a Prefeitura está doando colchões, lençóis e cestas básicas às famílias.

A adjunta da Assistência Social contou ainda que a prefeitura se dispõs a alugar imóveis na cidade para que as famílias sejam abrigadas. “Podemos fazer a locação sim, e temos dinheiro. O problema é que não é fácil encontrar assim de repente, né?”. Segundo Ilzamar, as águas da lagoa do loteamento José Sarney costumam escoar rapidamente. E depois que isso acontecer, a prefeitura deve avaliar quais residências tem ou não condições de serem reabitadas. As famílias que não puderem voltar, deverão ocupar casas alugadas.

Zona Sul

Um outro ponto da zona Sul que ficou intransitável foi a avenida Ayrton Senna. Além de residências, essa região possui vários estabelecimentos comerciais que tiveram grandes prejuízos. Alguns comerciantes nem se quer abriram suas lojas, os que resolveram abrir tiveram que tirar muita lama para conseguir entrar nas lojas. Mas cliente que é bom não apareceu. “Quando eu saí da farmácia na terça-feira não tinha alagado nada. Mas a chuva da noite foi tão forte que entrou água até a metade da farmácia”, reclamou a vendedora Halina Franche.

Ainda na Ayrton Senna, mais adiante, no cruzamento com a avenida das Alagoas, ninguém passa. Isso porque a lagoa de captação transbordou. Cerca de 800 metros da Ayrton Senna está interditado. Em alguns pontos, a profundidade chega a 1,20m.

Moradores ficaram ilhados em Capim Macio

Na zona Sul de Natal, a situação também é bastante complicada. Ruas alagadas, pessoas ilhadas com água na altura dos joelhos sem poder sair de casa, móveis, roupas, carros e outros objetos perdidos devido às fortes chuvas que caíram em Natal na segunda e terça-feira.

O bairro de Capim Macio é um dos que mais sofre com a falta de estrutura da cidade. A rua Neuza Farache está praticamente interditada devido à quantidade de água, que invadiu o estacionamento de uma escola particular. Os professores e funcionários do local tiveram que colocar os carros na calçada do estabelecimento.

De acordo com uma funcionária da escola, que não quis se identificar, há quase dez anos é sempre a mesma coisa. Basta chover um pouco acima do normal para a rua virar um caos. Ainda segundo ela, na terça-feira a água chegou a altura de1,50m e por pouco não invadiu a escola.

Ainda pior estavam as ruas J e João Florêncio. Na primeira ainda é possível chegar á metade da rua, mas na rua João Florêncio ninguém entra nem sai.

Os moradores dessas ruas ficaram com água na altura do joelho. Para ter uma idéia da situação, não era possível nem atravessar a rua. Para conseguir falar com a reportagem da TRIBUNA DO NORTE, a dona-de-casa, Cláudia Régia, teve que gritar, já que era impossível chegar à casa dela.

“Aqui está todo mundo ilhado, não temos a menor condição de sair de casa, ninguém aqui vai para o trabalho ou para a escola. Estamos presos dentro da nossa própria casa”, reclamou a dona-de-casa. E para complicar ainda mais, a outra saída do imóvel, pela rua João Florêncio, também está interditada.

Os moradores se sentem reféns dessa situação, que não é nova. Os que tentam mudar de bairro não conseguem porque ninguém quer comprar o imóvel. “Estamos condenados a viver aqui porque quem é que vai comprar uma casa em uma rua dessas, que quando chove a pessoa não pode nem sair? E olhe que o IPTU é um dos mais caros, o do meu apartamento é cerca de R$800,00. Saber onde é que esse dinheiro está sendo gasto é o problema”, reclamou o aposentado José Maciel, morador do Condomínio Olimpo, que também estava ilhado.

Na manhã de ontem, quem precisou passar pela BR101, em frente ao Hipermercado Carrefour teve de ter muita paciência. A marginal da BR ficou com tanta água que todos os carros tiveram que desviar. O problema é que uma parte da BR também foi invadida pela água e os carros tiveram que passar em uma única fila.

Ruas ficaram intransitáveis em Morro Branco

O bairro de Morro Branco teve várias de suas vias interditadas pelas chuvas. Próximo à lagoa do Jacaré, as ruas se mantinham intransitáveis na manhã de ontem. No cruzamento da rua da Saudade com a Djalma Maranhão, o nível da água ficou marcado no muro das casas e superou um metro, tomando boa parte da estrutura onde fica a imagem de Nossa Senhora de Fátima e tornando impossível aos empregados da Comtern chegarem à indústria de etiquetas. Algumas famílias ficaram literalmente ilhadas.

Já no Centro da cidade, mais de 30 metros de uma calçada foi arrancado pela chuva, entre a continuação da avenida Floriano Peixoto e a avenida General Gustavo de Farias, na descida para a Ribeira. O buraco deixou exposta toda a base de um poste de iluminação, que sustenta ainda um transformador. O barro que desceu do local tomou conta das pistas “ladeira abaixo” e parte da via foi interditada. Segundo moradores, o problema teria ocorrido porque uma obra que vem sendo realizada ao lado resultou na retirada da cobertura de mosaico da calçada.

Em Felipe Camarão, a travessa Rainha do Mar foi totalmente tomada por uma cratera, que pôs em risco as residências próximas. “Já não dormi aqui, agora vou é me mudar”, afirmou o mecânico Daniel da Silva, cuja residência ficou com o alicerce exposto. Funcionários da Prefeitura colocavam sacos de areia para evitar o aumento do buraco.

Já no Parque das Dunas algumas áreas ficaram alagadas e a chuva dificultou a recuperação do muro lateral, que havia desabado com as chuvas das últimas semanas. Na zona Norte, uma lagoa formada em um terreno baldio também tomou parte das ruas às margens da avenida Itapetinga.

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