domingo, 18 de maio de 2008

PERSPECTIVAS: O DESAFIO DA IGREJA CATÓLICA NO SÉCULO XXI


Como manter princípios e fiéis no mundo moderno individualista?

A moral e os costumes, a arte e a ciência, a política e até a economia, toda a bagagem cultural que a humanidade carrega hoje foi tocada e, freqüentemente, moldada pelo cristianismo. Não houve na história personagem mais influente do que o pregador que se dizia filho de Deus. Seus ensinamentos e a religião fundada em seu nome triunfaram por vinte séculos, enfrentando e vencendo crises com uma força que para os fiéis só pode ter inspiração divina. É uma história respeitável, para dizer o mínimo.

No entanto, o novo milênio iniciado há pouco traz desafios talvez ainda maiores para a sobrevivência e a predominância do cristianismo. Especificamente, apresenta grandiosos obstáculos ao seu braço mais vigoroso – e rigoroso -, a Igreja Católica. Como será daqui para a frente? Como serão a face e a voz de Jesus Cristo – e de sua Igreja mais antiga - num mundo em furiosa transformação tecnológica e de costumes?

O primeiro obstáculo apontado por especialistas não é novo, e nunca deixará de espreitar a cristandade em qualquer época e local: a chamada secularização, fenômeno pelo qual as crenças e instituições católicas deixam de pertencer a uma esfera puramente religiosa – ou mística - para ganhar contornos leigos, e, muitas vezes, filosóficos. A história cristã apresenta diversos exemplos concretos de secularização, da tomada dos bens da Igreja pela nobreza alemã protestante no século XVI até a pregação dos líderes da Teologia da Libertação no Brasil dos anos de 1960, quando a religião foi usada na formulação de teorias sociopolíticas.

Num sentido mais genérico, a secularização que preocupa o Vaticano é a tendência que as pessoas têm - hoje em dia mais do que nunca, talvez - de ignorar os ensinamentos da Igreja. A indiferença de quem ouve é o pavor de todos os doutrinadores. É muito comum encontrar fiéis que querem ser bons católicos sem ter de seguir à risca cada um dos ditames dos padres e sacerdotes. Eles se afirmam cristãos convictos ao mesmo tempo em que usam métodos anticoncepcionais, fazem aborto ou casam-se e divorciam-se ininterruptamente, por exemplo.

Soma-se a este problema interno as pressões exercidas por boa parte da sociedade ocidental - católicos e não católicos – para que a Igreja “se modernize”, seja mais coerente com situações corriqueiras nos dias de hoje. No passado, o Vaticano afastou as mulheres do sacerdócio e proibiu os padres de se casarem. Atualmente, isso começa a parecer para muitos devotos um dogma que engessa a fé em regulamentos ultrapassados. O fim do celibato clerical já chegou a ser apontado com uma saída para evitar escândalos como o dos padres pedófilos, que infestaram a igreja dos Estados Unidos e sabe-se lá mais de onde.

Num horizonte mais distante, há ainda os pedidos de aceitação do casamento gay – já legalmente realizado em alguns países. Dentro do catolicismo, a questão que não tem, ao menos hoje, muitas perspectivas de ser resolvida em breve. Certa vez, ao encontrar a diretora executiva da ONU, o papa João Paulo II afirmou a ela, com o dedo em riste: "Uma família é um marido, uma mulher e suas crianças. E o casamento é a única base de uma família. Os homossexuais e as lésbicas não são famílias".

Como se não bastasse o efeito provocado no catolicismo por estas questões contemporâneas, a Igreja ainda se vê às voltas com o complexo desafio de manter a unidade da doutrina cristã ao mesmo tempo que faz aberturas na direção de outras crenças. Como admitir a existência de outros credos sem perder a fé na hegemonia de seus princípios? A bandeira do ecumenismo nunca foi tão levantada dentro e fora do Vaticano, o que levou o clero romano a repensar sua postura sobre o tema durante o século XX. Houve até acenos de conversas com os protestantes, numa suposta tentativa de restabelecer a unidade que uma vez existiu entre as duas correntes. No entanto, estes fracos sinais não escondem os problemas de convivência que existem – mais em alguns pontos do planeta do que em outros – entre católicos e judeus, ou entre católicos e muçulmanos, por exemplo.

O ambiente de ampla liberdade religiosa que predomina na maioria dos países cristãos – mais nos protestantes do que nos católicos - permitiu, por exemplo, que o islã construísse uma de suas maiores mesquitas em plena Roma dos santos e dos papas. Mas os cristãos têm de disputar espaço com o islamismo nos países onde ele predomina. A construção de qualquer templo que não seja uma mesquita é rigorosamente proibida nos países islâmicos. O islamismo não se contrapõe apenas ao cristianismo, mas ao pensamento ocidental como um todo. Tendo a Igreja Católica a importância que tem no mundo ocidental, ela será sempre uma das primeira instituições convocadas a discutir as querelas com os muçulmanos.

Todos os desafios atuais enfrentados pelo Vaticano foram mais do que prenunciados desde o fim do século XIX. A maior tentativa de reação aos “tempos modernos” do catolicismo foi a organização do Concílio Vaticano II, entre 1962 e 1965. O objetivo dessa grande assembléia religiosa proposta pelo papa João XXIII era dar impulso à dimensão pastoral da instituição, atenuando o papel inquisitório por ela desempenhado nos séculos precedentes. O norte dos debates foi o diálogo com o homem moderno e com as outras religiões, e suas resoluções foram a principal fonte de inspiração para todos os papas que o seguiram – o mais notável foi João Paulo II, que nunca se cansou de evocar o Concílio para justificar suas ações.

Diante de tantos obstáculos, a Igreja chega ao início do século XXI procurando afirmar-se como instituição capaz de dar conta de questões morais e políticas que extrapolam o plano da fé. Mas, principalmente, inicia o milênio pregando o apego à pureza doutrinária e à tradição, como estratégia para se impor a um mundo volátil e de frágeis valores morais. Foi o que fez João Paulo II, e ó que vem fazendo seu sucessor, Bento XVI. O tempo dirá se a decisão de seguir por este caminho é capaz de adaptar a religião à sua época ou se levará a Igreja a um indesejado isolamento.

AOS 91 ANOS, MORRE A ESCRITORA ZÉLIA GATTAI EM SALVADOR


Morreu neste sábado em Salvador, aos 91 anos de idade, a escritora Zélia Gattai. Após uma série de complicações, a autora não resisitiu a uma insuficiência circulatória aguda, e faleceu no Hospital da Bahia, onde estava internada há exatamente um mês. Desde o início do dia, um boletim médico informava que seu estado de saúde era extremamente grave, e piorou de forma irreversível na última noite.

O documento dizia que sua saúde "evoluiu com extrema gravidade e o quadro clínico de choque circulatório se mostra irreversível". Sedada, Zélia respirava por aparelhos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital.

Ainda em março, ela fora levada por familiares ao Hospital Aliança, com dores abdominais. De lá, foi transferida para o Hospital da Bahia, onde sofreu uma cirurgia para a retirada de um tumor que obstruía seu intestino. O tumor, depois confirmou-se, era benigno.

Viúva do escritor Jorge Amado (1912 - 2001), Zélia Gattai integra hoje a Academia Brasileira de Letras (ABL). Ela é dona da cadeira 23 – a mesma ocupada pelo marido até a sua morte. A mesma cadeira tem como patrono o escritor José de Alencar, e seu primeiro dono foi Machado de Assis. Em nota oficial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a morte da escritora.

PT, PMDB E PSB VOLTAM A SE REUNIR TERÇA-FEIRA

PT, PMDB e PSB voltarão a se reunir na próxima terça-feira para discutir a possibilidade de formação de uma coligação proporcional entre os três partidos. Integrantes destas legendas dialogaram ontem pela manhã, no Hotel Maine, ocasião na qual discutiram as nominatas de cada partido, considerando que coligados podem apresentar 42 nomes. O presidente estadual do PT, Geraldo Pinto, informou que a questão será conduzida de forma a não comprometer a aliança em torno da candidatura da deputada federal Fátima Bezerra (PT) à prefeitura de Natal, mas preservando os interesses legítimos de cada partido.

Além de Geraldão, participaram do encontro - o primeiro com a finalidade de discutir a chapa proporcional - o ex-vereador Hugo Manso (PT), o secretário de Comunicação do PT, Carlos Teodósio, o secretário de Organização do PSB, Genildo Pereira, o deputado estadual Cláudio Porpino (PB) e os vereadores Hermano Morais (PMDB) e Luiz Carlos (PMDB).

Geraldão evitou comentar as opiniões divergentes dos vereadores Fernando Lucena (PT) e Júnior Rodoviário (PT) sobre a possibilidade de o partido se coligar com o PSB na proporcional. Júnior é totalmente contrário por achar que terá a reeleição prejudicada, enquanto que Lucena entende que a prioridade do PT deve ser a eleição majoritária. ‘‘Vamos fazer essa discussão interna. Acho errado ficar colocando ponto de vista nos jornais’’, argumentou. De acordo com o dirigente petista, no ato de formalização da aliança em torno da candidatura de Fátima Bezerra não foi apontado qualquer condicionante em relação à proporcional. ‘‘Vamos sentar e avaliar o que é melhor para a coligação e preservar os interesses legítimos dos partidos’’, disse.

Ficou acertado durante a reunião de ontem que PT e PMDB vão discutir o assunto para, no próximo encontro, avaliarem se é possível avançar rumo a um entendimento com o PSB. A reunião do diretório do PT acontecerá na próxima segunda-feira às 18h. O local ainda não foi definido.

MELHORA O ESTADO DE SAÚDE DO VEREADOR RENATO DANTAS


O estado de saúde do vereador Renato Dantas - acometido de um princípio de isquemia cerebral na sexta-feira - melhorou. Na manhã deste sábado ele estava consciente, ainda na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Promater, em Lagoa Nova, e até conversou sobre política com o deputador federal Henrique Alves. A alta para ficar internado em um quarto do hospital estava marcada para às 17h. Segundo o deputado, Renato Dantas escapou de qualquer sequela. Até a noite da sexta-feira ele sentia dormências na mão direita e formigamentos no rosto.

O vereador passou por vários exames na sexta-feira para diagnosticar a razão das tonturas e dormências. Segundo sua mulher, Manoela Costa Lima, Renato Dantas amanheceu sem sentir o movimento da mão direita. ``Fomos ao Hospital São Lucas. Lá ele recebeu um diagnóstico errado. Afirmaram que não era nada grave. Voltamos para casa''. Em poucas horas, o vereador sentiu um formigamento no rosto, próximo aos lábios. O médico da família avaliou a possibilidade de uma isquemia cerebral - um déficit neurológico causado pela diminuição de sangue na área do cérebro - e recomendou a ida à Promater.

Renato Dantas deu entrada no Hospital às 14h, consciente e em condições aparentemente normais. Foi encaminhado à UTI e foi sedado para ser avaliado sob uma bateria de exames como tomografia, hemodinâmica e outros. Segundo seu irmão, o advogado Dary Dantas, o médico avisou, na noite de sexta-feira, que ``estava tudo tranquilo e ele permanecia na UTI por precaução e para melhor monitoramento''. ``De repente, depois desse susto ele pára mais de fumar'', brincou. Segundo o amigo e vereador Salatiel de Souza, Renato é sedentário, hipertenso e fuma cerca três carteiras de cigarro ao dia.

Renato Dantas tem 46 anos, é casado e tem três filhos. Visitaram o vereador, ainda na sexta-feira, os vereadores Salatiel de Souza, Dickson Nasser, Emilson Medeiros, Enildo Alves, Geraldo Neto e o deputado federal Rogério Marinho. Segundo a medicina mais avançada, as isquemias cerebrais devem ser tratadas seriamente. A piora clínica causa o derrame cerebral.